terça-feira, 29 de março de 2011

A metamorfose

Li, desta vez, A metamorfose, de Franz Kafka.
Creio que o enredo seja de conhecimento geral, mesmo assim aqui vai um resumo: dada manhã, Gregor Samsa acorda metamorfoseado num asqueroso inseto. Á princípio, consegue ao menos comunicar-se como humano, mas até isso muda com o passar do tempo. Sua família passa a ter que conviver com esse estranho ser dentro de casa, até ao ponto em que não suportam tamanha provação. Gregor, então, recolhe-se ao seu quarto e morre.

Gostaria de fazer pequenos apontamentos:
- Chamou-me bastante a atenção o nome Samsa. Será mera coincidência a semelhança com Samsara (informem-se)?
- A metamorfose de Gregor nunca é, ao meu ver, totalmente efetivada, uma vez que, até o instante em que ele morre, consegue compreender a linguagem humana, apesar de não conseguir se enunciar através dela.
- O título é interessantíssimo, pois não se trata somente da transformação de um homem em um inseto asqueroso, com toda a simbologia que isso traz consigo, mas também da transformação dos membros de sua família que, de início escorados nos esforços da força de trabalho de Gregor para garantir seu sustento, passam a buscar trabalhos e novos sentidos para suas existências.
- Interessante pensar na perspectiva de que alguém, mesmo sendo humano, sendo diferente do padrão é motivo de vergonha e desgraça para os outros, e por isso se isola do convívio social. Precisa ser assim?
- Também interessante pensar que, ao ter sua animalidade revelada a olhos nus, Gregor perde sua identidade e passa a viver confinado num quarto, sendo cuidado, porém esse cuidado está claramente travestido em vigilância.
- Por que será que é uma empregada, já velha e construída pelos anos de trabalho, a única que não sente nojo e desprezo de Gregor? Por que ela, ao final, é quem percebe e transmite a notícia da morte da criatura, libertando a todos do sufrágio?
- Tem, Gregor, culpa de sua metamorfose?

Boas reflexões. Ah, e boa leitura!

Um comentário:

Palavras Vagabundas disse...

Olá,
cheguei ao blog, pois procurava informações sobre Clarissa de Érico Veríssimo. Belissíma ideia.
Parabéns
abs
Jussara

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