terça-feira, 14 de abril de 2009

O Clarissa que eu li

Inaugurando minha participação no blog, peço desculpas pela demora na postagem! Esta que vos escreve estava na luta para organizar a vida, o que felizmente aos poucos está ocorrendo...

Então, falando sobre o livro do trimestre... Lendo os comentários dos outros leitores, agradeço às diferenças de gostos e opiniões, pois do contrário, conviver com as pessoas não teria a menor graça. Mas me desculpem Cassiano e Ricardo, eu li Clarissa pela primeira vez quando tinha 14 anos, estava na oitava série, e foi uma das obras que me fez adquirir o vício da leitura e a paixão pela obra de Erico Verissimo. A quem, aliás, considero como o meu autor favorito. Obviamente, e talvez especialmente por isso, gostei do livro também porque me identifiquei com a personagem principal, pois tinha uma idade parecida. Contudo, já tinha muito mais conhecimento dos fatos da vida, do que a Clarissa, o que me fez dar muitas risadas em vários trechos do livro, percebendo como antigamente, na década de 30, algumas meninas-moças eram tão mais puras de pensamento do que as de hoje. Li novamente o livro hoje, quase dez anos depois da primeira vez, com uma expectativa diferente, e confesso que me surpreendi ao terminar de lê-lo com uma concepção inteiramente nova sobre a história contada.

Ao meu ver, não se trata de um livro que conte fatos objetivos, nem mesmo uma biografia de Clarissa. De fato, a rotina dela se resumia a ir à escola, alimentar as galinhas, estudar e ir à Igreja. Mas a magia do livro, ao meu ver, estava na percepção de mundo que tem a personagem ao realizar todas essas atividades. É uma obra romântica, sem dúvida. Não tem nenhum romance no sentido literal da palavra, mas Clarissa tem uma visão peculiar, infantil e romântica, do mundo ao seu redor. Isso, em minha opinião, faz com que a obra seja um refresco num mundo onde as pessoas são tomadas de malícia e a rotina exaustiva faça com que não seja possível reparar nos detalhes das coisas e das pessoas ao nosso redor. Digo isso por experiência própria, pois nessa segunda vez, li o livro no trem a caminho do trabalho, e nesses períodos aproveitava pra reparar mais nas coisas e pessoas ao meu redor. Foi uma experiência interessante, e ajudou a incluir mais leveza no meu cotidiano. Confesso que vários pensamentos bobinhos que Clarissa tem, eu mesma ainda hoje alimento.

De fato, trata-se da obra de um Erico iniciante e com muitas histórias mais interessantes pra contar. Recomendo para aqueles que desejem ler sem pressa e sem expectativas, pois a riqueza da obra é justamente a simplicidade da personalidade da personagem, em contrapartida com a grandeza de detalhes que ela invoca do seu mundo particular, com novas descobertas a cada dia. Um mundo que, na minha opinião, vale a pena conhecer. Nem que seja para se perceber como, nos dias atuais, se dá pouca atenção para a poesia das pequenas coisas.

9 comentários:

Ricardo disse...

Guta,

da minha parte nao tem do que se desculpar, hehe, estamos aqui para apresentar cada qual sua opiniao, e nao estamos em Cuba ou na Venezuela.

Espero poder encontrar o encanto da obra do verissimo em outras obras que leia

Diogo da Costa Rufatto disse...

Não é todos que veem a graça do sem-graça...

Ricardo disse...

Nao entendi Diogo

Jamile Dupont disse...

Não fui a única a comparar minha vida com a de Clarissa. Estava mesmo faltando a visão feminina da obra no blog.

Acabo de postar os meus escritos.

Maria disse...

Ricardo, acho que o Diogo quis dizer que não são todos que vêm algum encanto numa história simples como a do Clarissa. Da mesma forma como eu provavelmente não acharia graça em muitos deste livros sobre os quais você comenta no blog... Não parecem ser o meu estilo.

Aliás, não sei, mas me parece que esse é um livro feminino, pois a não ser o Diogo, que estuda esse tipo de obra na faculdade, eu e a Jamile parece que fomos as únicas que se identificaram com a Clarissa.

Estou na metade da leitura de um outro livro, quando terminar, posto um comentário sobre ele.

Diogo da Costa Rufatto disse...

Ricardo, sem ofensas. Quis dizer que nem todos conseguem achar graça nas banalidades, nas coisas cotidianas, onde não há muita ação. Estamos aqui pra discutir questões de gosto, não?
Concordo com o caráter feminino do livro. Na minha opinião, Erico tinha uma excelente relação com a feminilidade nele contida, assim como eu acho que tenho com a minha. Isso não siginifa que ele era gay...

Cassiano Dal Pizzol disse...

Diogo, acho que vou falar pelo Ricardo também quando digo que nenhuma ofensa foi recebida. Nossos gostos são muito diferentes mesmo e já passamos da idade de querer queimar na fogueira as pessoas que não concordam conosco.

E acredito, como você, que não é porque um homem consegue se comunicar bem com uma mulher que ele é gay. Além do que, um homem que cria o Capitão Rodrigo Cambará não pode ter sua masculinidade aviltada heheheheh!

Diogo da Costa Rufatto disse...

Cassiano, discordamos novamente, pois não concordo que gays tenham sua masculinidade aviltada.

Cassiano Dal Pizzol disse...

você está falando do Rodrigo ou do Erico? :p

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