terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como executar uma vingança bem feita.

Findei a leitura do nosso livro do tri... digo semestre. Como nosso hipotético leitor deve lembrar, nosso livro é "O Conde de Monte Cristo" do renomado autor Alexandre Dumas. Antes de chegar ao ponto de listar as minhas impressões sobre o livro acho que é prudente e até necessário que eu fale um pouco sobre as expectativas do livro.

Uma das primeiras lembranças de filme é assistir com meus pais o Conde de Monte Cristo na televisão e, pelo tempo e a idade que eu tinha na época, acredito que fosse a versão filmada com Richard Chamberlain. Pois bem, lembrava de uma aventura bem capa-e-espada com piruetas e um duelo final e alguma coisa sobre o herói terminar com a mocinha. Lembro-me também da plenitude da vingança do jovem Edmond Dantés em cima de seu algoz que via de regra morre no final. Típica trama holliwoodiana.
Chamberlein e o bigodinho

Tendo este histórico nada poderia me tirar do livro antes do seu fim. Dito e feito li o livro de bate pronto.
Bem...

O mais bate - pronto que um livro de mais de 1300 páginas pode ser lido quando se trabalha, estuda e namora ao mesmo tempo pode fazer sem desmerecer nenhum aspecto de sua vida. Devo alertar meu hipotético leitor de que vou assumir que você saiba a história do Conde de Monte Cristo. Seja por ler a obra, resumo ou mesmo por ver um dos inúmeros filmes pois não vou fazer um resumo da trama. Dado o aviso, vamos adiante.

O livro apresenta a história de um pacato e um tanto quanto obtuso marinheiro, Edmond Dantès, que voltava após meses para encontrar-se com sua amada Mercedes (a garota, não o carro). Desnecessário dizer que ele atraiu a atenção de alguns tipos dos mais vis. O invejoso, o inescrupuloso, o ciumento e o apático. Todos por um motivo ou outro fizeram com que Dantès fosse para a prisão e lá passasse a sua juventude toda (13 anos, amiguinhos!). Graças ao acaso e a um abade maluco com mania de toupeira Dantès descobriu o que aconteceu consigo e começou a tramar uma vingança. Quando digo graças eu falo que, casualmente, o prisioneiro da cela ao lado tinha acesso a um tesouro riquíssimo e sem dono além de ser o possuidor de uma das mentes mais brilhantes que já andaram sobre a terra.

De posse do tesouro e dos ensinamentos do dito abade (além é claro de uma carta saída livre da prisão) Dantès pode tramar a vingança e a retribuição que todos os que lhe traíram mereciam. Personificando várias pessoas diferentes, entre elas o personagem que dá título ao livro, ele começa a minar cada um dos pobres coitados que o atacaram. Diferente dos filmes onde Dantès se vingava apenas de um (normalmente de Fernand) no livro ele se vingou de todos os culpados, e de suas famílias e de seus criados (em alguns casos) e acredito que até os conhecidos tenham sentido o gosto da vingança no fim da história uma vez que a rotina de todos foi alterada.

É claro que nem tudo são rosas para o nobre Conde. Em diversos momentos ele se viu tendo que alterar seus planos pois, por mais que houvesse uma vontade resoluta de vingança ele ainda se importava com os seus mais próximos. As seqüencias finais quando as maquinações que ele havia começado começam a frutificar me deram aquele prazer que se tem quando um plano complexo dá certo. Confesso que vibrava ou mesmo ria alto ao ver o resultado de uma maquinação que havia sido começada muitas centenas de páginas antes (a vingança contra Morcef e Danglars foi particularmente cruel).

Posso dizer que foi uma leitura prazerosa em quase 100% dela. Tirando a interminável seqüencia veneziana o livro mantém um ritmo gostoso e a curiosidade sobre o próximo capítulo alta. Fica a ressalva que, um pouco de conhecimento prévio sobre a França e o período pós-napoleônico podem ajudar na compreensão de algumas sub-tramas mas nada que afete a leitura. É com certeza um livro que eu lí, e recomendo.
Fica entretanto a dúvida. De onde os produtores de filmes tiraram a história para o que filmaram? Tirando a prisão e a Mercedes a maior parte das histórias é muito diferente do que eu encontrei no livro!

Fica também a dica para quem quiser adquirir o livro a Jorge Zahar Editor fez um grande trabalho na edição enchendo de notas principalmente sobre as sub tramas políticas do livro e uma nova tradução (que não posso julgar pois não entendo lhufas de francês). É uma aquisição que fiz e não me arrependo!

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