sábado, 18 de junho de 2011

Orlando

Confesso que, das obras que já li de Virginia Woolf (Mrs. Dallaway e As ondas e alguns contos) Orlando foi a primeira que senti que de fato dialoguei com. Creio que não estivesse preparado, ou não estivesse disposto anteriormente. Torna-se, agora, urgente a releitura das já citadas e a leitura das outras. Porque Virginia exige muito do leitor. Mas o recompensa mais ainda!

Escrevo isso não para assustar o eventual leitor deste blog, mas para alertá-lo de que, se alguma vez tentou ler essa curiosa britânica e a experiência não foi tão positiva, por favor, não desista, espere um tempo, leia outras coisas e tente outra vez. Porque Orlando é uma obra-prima!

Orlando é uma personagem angustiada porque não se encaixa na sociedade, em momento algum, pois vive durante séculos e passa por inúmeras transformações - a maior delas é a mudança de sexo. Orlando tenta se adaptar ao convívio social, a normas, a regras, e tenta se adaptar ao seu corpo, primeiro de homem e depois de mulher, e às suas vontades e desejos. Há sutis críticas à "evolução" dos costumes sociais, e à falta de liberdade que essa forma de convívio traz aos seres humanos.

Orlando foi homem, Orlando foi mulher, e viveu por muitos séculos. Orlando teve muitos "eus". Mas nunca obteve sucesso em "ser".