terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Azar e Contratempo

No inicio do livro um homem é jogado de um helicóptero sobre um deserto na Califórnia, com as pernas quebradas, este homem é Calvin Franz, amigo de Jack Reacher e quem mata um amigo de Jack Reacher tem bastante azar e muitos contratempos, eis o motivo no titulo do livro.

Jack recebe uma mensagem inusitada através da conta bancaria, um deposito de 1030 dólares na conta, (10-30, pedido de ajuda no exercito), descobre que a depositante é uma ex-colega do grupo de investigadores especiais do exercito, e após ligar para o escritório dela em Chicago descobre que ela esta em Los Angeles e se dirige para la.

Depois de se encontrar com Frances Neagley(a ex-colega) descobre os dados da morte de Franz e ela lhe diz que enviou pedidos de ajuda a todos os 6 colegas sobreviventes(alem de Franz a outro que morreu anos antes em um acidente no Colorado) mas que ate aquele momento apenas ele respondeu, com o tempo mais 2 colegas aparecem(Karla Dixon e David O’Donnell), e se chega a conclusão que são 3 os desaparecidos, todos moradores das proximidades, e depois de alguma investigação se descobre que os desaparecidos estavam trabalhando juntos com Franz em algo, eram eles Sanchez e Orozco, detetives particulares em Las Vegas e Swan que trabalhava como chefe de segurança numa fabrica de equipamentos militares.

Após muito se debaterem em tentar descobrir em que Franz poderia estar trabalhando os 4 investigadores se dão conta de que podem estar indo pelo caminho errado, pois se fixaram em Franz por ter ele sido encontrado morto primeiro, após Swan e Orozco serem encontrados nas mesmas condições de Franz eles começam a investigar as atividades da fabrica onde Swan trabalhava, e chegam a conclusão que algo de muito podre acontece ali, Neagley entra em contato com uma pessoa no Pentágono que lhe deve alguns favores, esta pessoa primeiro manda uma resposta oficial dizendo que não pode dar nenhuma informação, para logo em seguida enviar um e-mail particular falando sobre quão bons são os CD de Jimmy Hendrix que ela lhe emprestou, em especial uma das musicas do segundo disco, o único senão é que Neagley nunca teve CDs de Hendrix,então eis a resposta verdadeira do contato.

Neste momento temos um momento histórico na vida de Jack Reacher, ele vai a uma loja e compra o CD de Jimmy Hendrix, se tornando pela primeira vez na vida proprietário de um objeto digital.

A musica se chama Little Wing, o que indica que é muito provavelmente um sistema de mísseis, e segundo as pistas que foram juntando nos escritório de Franz e Sanchez chegam a conclusão que há um desvio de material, e que o mesmo estaria sendo remunerados a 100 mil dólares a unidade, num total de 65 Milhões de Dólares, bem como uma lista de nomes todos com as mesmas iniciais, Azhari Mahmoud, Adrian Mount, Alan Mason, Andrew MacBride e Anthony Mathews, que tudo indicam são todas identidades da mesma pessoa.
Dixon e O’Donnell são pegos em uma armadilha a qual Reacher e Neagley escapam por pura sorte, depois disto eles procuram pela unidade industrial da fabricante de armamentos com vistas a salvarem seus colegas e após irem em busca do misterioso homem das iniciais AM e impedi-lo de usar os Mísseis.

Jack Reacher é um ex-Policia do Exercito reformado que vaga pelos Estados Unidos como um vagabundo, coma roupa do corpo, uma escova de dentes dobrável e alguns trocados no bolso, sempre pegando o primeiro ônibus que saia da cidade onde se encontra após suas aventuras sem se importar o destino, é um personagem muitíssimo mala, no melhor estilo Hercule Poirot, este é o terceiro livro dele que leio, e não me decepcionei com nenhum deles, Lee Child é um ótimo escritor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ramses o Filho da Luz

Este livro cobre o período entre o final da adolescência de Ramsés ate a morte de Sethi, seu pai, com todo o processo de amadurecimento do futuro Faraó, após Sethi apontar Ramsés como regente, Chenar, o irmão mais velho começa a tramar a tomada do poder após a morte de Sethi e para isto conta com a ajuda de autoridades ligadas aos templos, do Rei da Lacedemônia, Menelau(calma volto a isto no final) e de Acha, amigo de Ramsés, cooptado para seu lado, do lado de Ramsés estão o exercito, sua mãe Touya, a Grande Esposa Real, e os amigos fieis, Moises, Sethou e Ameni, e esta batalha será decidida no segundo volume.

Agora vamos as viagens do autor, sem mais nem menos aparecem Menelau com seu exercito, Helena de Troia e Homero, todos vindos da Guerra de Troia, e se hospedam no Egito, onde Helena pede a proteção da grande esposa real, proteção concedida, Menelau que houvera entrado no Egito apenas para consertar seus navios avariados na guerra se vê obrigado a permanecer no Egito ate que Chenar(segundo os planos urdidos) suba ao trono e Helena perca a proteção, pois ele teme chegar a Lacedemônia sem Helena e ser ridicularizado e morto pelo povo, mas convenhamos que a presença de Moises, se for o Moises dos 10 Mandamentos já é meio forçado, mas guerreiros Gregos vindo da Guerra de Troia ai já é muita coisa; este é o único senão do livro embora seja um senão enorme.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Elite da Tropa

Este foi um daqueles livros que eu comprei por impulso. Olhei ele na gôndola das Americanas a R$12,90 e sem pensar mais do que dois minutos botei ele na conta do papa.

O livro em sí se divide em duas partes o Diário de Guerra, composto de uma dezena de pequenas histórias que, pelo visto, se passaram com integrantes do BOPE e uma segunda parte com a descrição de uma semana cerca de dois anos depois dos acontecimentos da primeira parte.

De linguagem fácil e uma sinceridade por vezes perturbadora a primeira parte é de longe também a mais empolgante. Pequenas histórias descrevendo o cotidiano dos policiais "normais" e dos integrantes do BOPE. Para quem viu o filme "Tropa de Elite" muitas histórias podem parecer conhecidas como a da granada ou a da comida entretanto algumas mais fortes não foram para a película. Isto mesmo, mais fortes meu hipotético leitor. Dotado de um cinismo (aqui na acepção moderna da palavra) e de um humor beirando o mau gosto os escritores tratam de assuntos como corrupção, violência e tráfico de drogas como se fosse algo corriqueiro e cotidiano (ok, pare eles acredito que realmente o fosse!). Por várias vezes parei de ler e fiquei rindo das situações não por achar realmente engraçado mas por ficar muito incomodado. Recomendo a leitura do conto "Botas de Sangue" para que entendam o que eu quero dizer.

Na segunda parte temos um conto maior, uma semana na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Esta parte já é um pouco mais difícil na leitura. Cada página eu esperava que acontecesse um evento maior, cada folha parecia levar a um desenrolar apoteótico que, infelizmente não veio. Definitivamente não gostei deste pedaço do livro. Acredito que o principal problema seja o excesso de personagens coadjuvantes que as vezes aparecem apenas uma vez superpulando a situação e não gerando uma história coerente. Como ponto positivo fica, entretanto, fica a continuação da história de vários personagens que apareceram nos contos iniciais do "Diário de Guerra".


Em uma análise final fica um bom livro de leitura rápida e  uma boa recomendação para um livro a ser discutido em rodas de amigos. Para aqueles que esperam ver o filme Tropa de Elite um aviso, o filme é coisa de fanfarrão!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Conde de Monte Cristo

Conclui o nosso livro do semestre, e agora estou entre aqueles que assim como Martin Luther King tem um sonho, eu quero ver a minissérie integral sobre esta obra, dirigida por Peter Jackson e com o camaleão Gary Oldman no papel principal, é normal que os filmes não sejam fieis aos livros em que se baseiam, mas o caso do Conde de Monte Cristo em relação aos filmes que teoricamente se baseia no livro é um caso critico de infidelidade, basicamente aproveitam as primeiras 80 paginas e daí em diante partem para a livre interpretação.

O livro merece a fama que adquiriu, uma obra muito bem composta, vamos acompanhando a teia ir se fechando em torno dos inimigos de Dantès, não há um único movimento do Conde em vão no livro todo, tudo tem um objetivo, tudo leva a vingança.

Não concordei apenas que dentre os três inimigos o que acabou recebendo o perdão e a pena menos severa foi o que em minha opinião mais culpa tinha, mas isto em nada embota o brilho desta magnífica obra, ótima escolha que fizemos.

Por ultimo, voltando ao tratado no inicio deste pequeno post, digo aos nossos eventuais leitores que sejam professores de literatura que aqui há um livro perfeito para pegar alunos preguiçosos e esperto, quem for mandado ler esta obra e fazer o resumo optando por assistir ao filme vai ter uma péssima surpresa na hora em que receber a nota.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Duna

Lembro de quando eu era pequeno, cerca de oito ou nove anos, assisti um seriado estranho na televisão. Um gordo gargalhava enquanto falava de seus planos para erradicar os seus inimigos. Lembro de ver enormes máquinas andando na areia e uma minhoca gigante engolindo a tal máquina. Não vi muito além disto mas o pouco que vi marcou a ferro e fogo em minha mente aquela imagem do planeta desértico.

Alguns anos depois, já na faculdade acabei descobrindo mais sobre aquele seriado que na verdade era um filme muito grande cortado em capítulos para ser exibido para o público Duna de David Lynch foi uma obra prima do cinema de ficção. A minha surpresa maior foi descobrir que o tal filme era na verdade a adaptação de um livro homônimo que infelizmente não existia na biblioteca local.

Com o passar dos anos (e o advento da internet) acabei encontrando muito material sobre o filme e os livros que compunham a saga de Paul Muad´Dib e devo confessar que conhecia muito da história senão toda ela já a algum tempo. Isto e os diversos jogos da série, refilmagens e DVDs me mantiveram ocupado durante muitos anos  porém jamais havia encontrado o livro em questão. Até este ano.

Cansado de ficar esperando uma reedição do livro original importei uma cópia pela Amazon, respirei fundo e comecei a leitura. Esperava uma leitura difícil por diversos motivos, o primeiro a lingua. Por haver importado o livro teria de desfrutar do mesmo em inglês, não que houvesse problemas na compreensão da língua mas porque Duna é recheado de termos próprios: lasgun, fremen, weirding, shai-hulud, kwisatz haderach. E isto só para citar os mais comuns! Isto e um universo inteiro para ser conhecido faziam da leitura deste livro um desafio pessoal.

A leitura do livro foi muito mais simples do que o esperado. Em três semanas, talvez menos eu devorei as mais de quinhentas páginas do livro que merece sem sombra de dúvidas o título que é alardeado aos quatro cantos como uma obra de arte da ficção científica. Uma história concisa, com poucos ou nenhuma "corcova" de história o livro se desenrola em um ritmo acelerado até o fim. Os termos diferentes, que achei que iriam me atrapalhar, deram uma profundidade e uma veracidade sem igual ao texto. Após os primeiros capítulos já estava tão acostumado com os termos "técnicos" que já havia dispensado o glossário que havia ao final do livro. Entretanto, e isto tem que ficar bem claro, eu já era um conhecedor do universo de Duna antes de ler o livro. Acredito que para um leigo no assunto estes termos podem ainda causar algum incomodo.

Devo fazer uma ressalva, entretanto, ao estilo de Herbert. Ele é preguiçoso na descrição de escaramuças.
Não existem batalhas no livro!
E estamos falando de um livro que narra as lutas de um homem para retomar seu lugar como líder de uma das casas maiores. Em momento algum as batalhas são narradas ou descritas, elas sempre aparecem pouco antes de começar e minutos após o termino, com as pessoas lidando com o resultado do que aconteceu. Isto me frustrou um pouco, eu confesso.

Sobre o livro, bem... A encadernação dele me lembra os livros que eram vendidos no já falecido "círculo do livro". Capa dura, sobre capa protegendo a capa principal e uma lombada que só vai se quebrar se alguém ficar pulando em cima dele, muito diferente da maior parte dos livros vendidos no Brasil que são frágeis e, na maior parte, mal encadernados.

Já estou começando a contar os dias para encomendar a continuação desta história ou esperar que alguma editora tupiniquim de bem com a vida publique todos os seis livros da série novamente. Terão um comprador, isto eu garanto!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como executar uma vingança bem feita.

Findei a leitura do nosso livro do tri... digo semestre. Como nosso hipotético leitor deve lembrar, nosso livro é "O Conde de Monte Cristo" do renomado autor Alexandre Dumas. Antes de chegar ao ponto de listar as minhas impressões sobre o livro acho que é prudente e até necessário que eu fale um pouco sobre as expectativas do livro.

Uma das primeiras lembranças de filme é assistir com meus pais o Conde de Monte Cristo na televisão e, pelo tempo e a idade que eu tinha na época, acredito que fosse a versão filmada com Richard Chamberlain. Pois bem, lembrava de uma aventura bem capa-e-espada com piruetas e um duelo final e alguma coisa sobre o herói terminar com a mocinha. Lembro-me também da plenitude da vingança do jovem Edmond Dantés em cima de seu algoz que via de regra morre no final. Típica trama holliwoodiana.
Chamberlein e o bigodinho

Tendo este histórico nada poderia me tirar do livro antes do seu fim. Dito e feito li o livro de bate pronto.
Bem...

O mais bate - pronto que um livro de mais de 1300 páginas pode ser lido quando se trabalha, estuda e namora ao mesmo tempo pode fazer sem desmerecer nenhum aspecto de sua vida. Devo alertar meu hipotético leitor de que vou assumir que você saiba a história do Conde de Monte Cristo. Seja por ler a obra, resumo ou mesmo por ver um dos inúmeros filmes pois não vou fazer um resumo da trama. Dado o aviso, vamos adiante.

O livro apresenta a história de um pacato e um tanto quanto obtuso marinheiro, Edmond Dantès, que voltava após meses para encontrar-se com sua amada Mercedes (a garota, não o carro). Desnecessário dizer que ele atraiu a atenção de alguns tipos dos mais vis. O invejoso, o inescrupuloso, o ciumento e o apático. Todos por um motivo ou outro fizeram com que Dantès fosse para a prisão e lá passasse a sua juventude toda (13 anos, amiguinhos!). Graças ao acaso e a um abade maluco com mania de toupeira Dantès descobriu o que aconteceu consigo e começou a tramar uma vingança. Quando digo graças eu falo que, casualmente, o prisioneiro da cela ao lado tinha acesso a um tesouro riquíssimo e sem dono além de ser o possuidor de uma das mentes mais brilhantes que já andaram sobre a terra.

De posse do tesouro e dos ensinamentos do dito abade (além é claro de uma carta saída livre da prisão) Dantès pode tramar a vingança e a retribuição que todos os que lhe traíram mereciam. Personificando várias pessoas diferentes, entre elas o personagem que dá título ao livro, ele começa a minar cada um dos pobres coitados que o atacaram. Diferente dos filmes onde Dantès se vingava apenas de um (normalmente de Fernand) no livro ele se vingou de todos os culpados, e de suas famílias e de seus criados (em alguns casos) e acredito que até os conhecidos tenham sentido o gosto da vingança no fim da história uma vez que a rotina de todos foi alterada.

É claro que nem tudo são rosas para o nobre Conde. Em diversos momentos ele se viu tendo que alterar seus planos pois, por mais que houvesse uma vontade resoluta de vingança ele ainda se importava com os seus mais próximos. As seqüencias finais quando as maquinações que ele havia começado começam a frutificar me deram aquele prazer que se tem quando um plano complexo dá certo. Confesso que vibrava ou mesmo ria alto ao ver o resultado de uma maquinação que havia sido começada muitas centenas de páginas antes (a vingança contra Morcef e Danglars foi particularmente cruel).

Posso dizer que foi uma leitura prazerosa em quase 100% dela. Tirando a interminável seqüencia veneziana o livro mantém um ritmo gostoso e a curiosidade sobre o próximo capítulo alta. Fica a ressalva que, um pouco de conhecimento prévio sobre a França e o período pós-napoleônico podem ajudar na compreensão de algumas sub-tramas mas nada que afete a leitura. É com certeza um livro que eu lí, e recomendo.
Fica entretanto a dúvida. De onde os produtores de filmes tiraram a história para o que filmaram? Tirando a prisão e a Mercedes a maior parte das histórias é muito diferente do que eu encontrei no livro!

Fica também a dica para quem quiser adquirir o livro a Jorge Zahar Editor fez um grande trabalho na edição enchendo de notas principalmente sobre as sub tramas políticas do livro e uma nova tradução (que não posso julgar pois não entendo lhufas de francês). É uma aquisição que fiz e não me arrependo!

sábado, 3 de outubro de 2009

Cio Mortal

O Inicio do livro é auspicioso, primeiro uma intoxicação alimentar em massa num jantar que antecede um grande evento turfístico, no dia posterior momentos antes da largada da corrida uma explosão num camarote causa varias mortes, em ambos os eventos o chef Max Moreton era o encarregado das refeições.

O cozinheiro é processado pela comissão alimentar do condado e descobre, através do exame de varias das pessoas intoxicadas, que existia um ingrediente que não deveria estar ali, então ele começa a investigar quem poderia ter intoxicado tantas pessoas de forma premeditada, em seguida sofre um acidente de carro, que quase é fatal e depois tem a casa incendiada, durante a noite quando ele dormia, este segundo incidente chama a atenção de Max, uma vez que os bombeiros descobrem que o detector de fumaça não estava com bateria e ele tem a certeza de ter colocado a poucos dias a dita bateria.

Neste meio tempo ele se envolve com uma musicista que o processa, ela fazia parte de um quarteto de cordas que tocou no jantar e perdeu a chance de excursionar com uma orquestra sinfônica.

As investigações o levam aos Estados Unidos (a historia se passa na Grã-Bretanha), atrás de informações sobre a empresa que patrocinava o camarote onde houve a explosão, e acaba se encontrando em meio a uma trama que envolve trafico de drogas.

Vamos ao comentário.

Lendo o resumo que fiz devo confessar que parece mais emocionante que a leitura em si, ou seja, a historia em si é boa, apenas padece de ritmo, Dick Francis e seu filho, Felix, enrolam muito e deixam o livro muito lento, definitivamente não estou dando sorte com os últimos volumes da Seleção de Livros, vamos ver se os 3 outros livros do volume são melhores.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Acenos e afagos

De antemão aviso: não é um livro fácil, mas é maravilhoso!

Acenos e afagos, de João Gilberto Noll, é um livro escrito em um só bloco de texto. Não há parágrafos, não há figuras, não há espaços. Há somente o fluxo de consciência do narrador protagonista, de forma fragmentada, não-linear. Ou seja, complexa.

Mais ainda pela trajetória do protagonista. No início, homem confuso relembrando fatos marcantes do passado, cuja vida vai o levando a uma espécie de loucura (ou lucidez extrema). Uma história regada a sexo e perversões, mas não de forma parnasiana (arte pela arte, sexo por sexo). Há um sentido nas peripécias sexuais do homem. Há uma busca.

Escrevi antes no início homem, porque há transmutação. Não se trata de ambiguidade, de dúvida, mas sim de um homem que passa para outro lado, que se vê e se sente mulher em dada parte da narrativa. Por se tratar de literatura, é possível e verossímil, dentro da obra, que o corpo mude do personagem mude. Ao final, protagonista não é homem, não é mulher, não é bicho. É algo dos três e ao mesmo tempo nenhum. É uma criatura, se divina ou profana não sei, que é capaz de sentir na carne os prazeres masculinos e feminios, que é capaz de gozar como homem e como mulher.

Nestes tempos de crise masculina, considero Acenos e afagos uma obra prima.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Feriado de mim mesmo

Um livro agonizante, Feriado de mim mesmo, de Santiago Nazarian.

Um homem solitário que, obviamente, mora sozinho. Ou será que não?
Um homem que faz traduções para ganhar dinheiro e viver sua vidinha livre dos comportamentos pre-estabelecidos da sociedade, e tem um padrão de vida confortável. Ou será que não?
Um homem que tem o controle de tudo que faz. Ou será que não?

Leitor, deves estar pensando: qual o motivo dessas perguntas? Respondo: servem para instigar-te a ler o livro, e também para anunciar como ele é escrito.
Narrado em terceira pessoa (em sua maior parte, com uma surpresinha ao final), tempo verbal passado, o livro conta a história de um jovem solitário e entediado, mas que começa a não mais entender a realidade a sua volta. Um homem talvez cansado de si próprio, que inventa outros, ou que simplesmente deseja não mais ser, um feriado de si mesmo. Coisas muito estranhas acontecem a sua volta. Quem será o responsável?

Leia e descobrirás. Ou não.

Aproveito para dizer que já li outro livro do autor, Mastigando humanos, mas não gostei tanto quanto este sobre o qual aqui escrevo. Ainda, Nazarian acaba de lançar outro romance, chamado O prédio, o tédio e o menino cego. Pretendo lê-lo logo.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Até o dia em que o cão morreu

O que anda ocorrendo com a geração jovem atual?
Falta do que fazer? Comodismo demais? Falta de um ideal pelo qual lutar?

Deixo as perguntas propositadamente sem repostas. E convido você, que está a me ler, a ler o livro Até o dia em que o cão morreu, de Daniel Galera.

História de um jovem que seguiu a risca o script da vida: escola, cursos, esportes, documentos e compromissos etc etc... e se encontra formado na faculdade de Letras, sem emprego e perdido. Isso mesmo, ele se encontra perdido. Sem vontade de nada.

Aparece um cão. E aparece uma mulher. E o resto não vou contar.

Só digo que li o livro em algumas horas, do início ao fim.

Boa leitura!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Água viva

Promoções de livros no Submarino provocam um rombo no meu orçamento... Há um tempo comprei vários livros da Clarice Lispector, Deusa da Literatura Brasileira.
Li Água viva.

O que dizer sobre? É complicado, assim como sua leitura. Somente lendo pra sentir, pra saber. Mas não aconselharia a um leitor iniciante.

A obra nada mais é que um grande poema escrito em forma de prosa com profundas reflexões existencialistas. Na contracapa, está escrito que há uma narradora feminina que escreve para um interlocutor masculino. Discordo. Sim, há uma voz narrativa feminina, mas não diria se tratar de narradora, nem de eu-lírico, mas de uma fusão de ambos. Mas não, não percebi que o interlecutor seja um homem. Minha impressão é de que ela dialoga com um ser indefinido, nem homem nem mulher, talvez nem propriamente um ser humano. Talvez ela esteja dialogando com o Divino. Talvez com o Transcendente. Talvez com, talvez talvez, cada leitor que perceba o seu.

Em uma frase, Água viva é um livro que fala sobre o que há por trás do pensamento.

Já escrevi aqui sobre A paixão segundo G.H., da mesma autora. Livros difíceis, cansativos, sofríveis, mas maravilhosos, essenciais. Livros "re": é preciso relê-los, pois ressignificam, repensam, refazem...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O paraíso é bem bacana

O título da postagem é o mesmo do primeiro romance de André Sant'Anna. O cara promete!

Uma narrativa fragmentada que se entrelaça perfeitamente, com maestria. Múltiplos narradores, múltiplas visões sobre um mesmo personagem profundamente complexo em sua superficialidade. Fluxos de consciência sensacionais. Texto bem humorado e fluido.

Chega de teoria.

Mané é um jogador de futebol promissor. Aquela velha história lugar-comum, menino negro favelado que joga bola como ninguém, é descoberto, levado à Alemanha, enriquece. Mas este menino é primitivo, ignorante, lesado, antissocial e por aí vai..., por ter sido atormentado a vida inteira por seus "amigos".

Enfim, ele se converte ao islamismo e explode uma bomba, querendo ser mártir pra recebe suas 72 virgens no paraíso.

Toda a crítica social e a qualidade literária do texto só desfruta quem lê.

domingo, 19 de julho de 2009

Máquina de pinball

Flávio Carneiro é um grande professor e crítico literário brasileiro, além de escritor. Já o ouvi na 12ª Jornada Nacional de Literatura, evento em que ele disse não gostar de falar mal de livro algum, portanto, somente faz críticas positivas.

Eu achei isso realmente interessante. Escrevi neste blog, até agora, sobre livros que li e gostei. Entretanto, sinto-me na obrigação de fazer um alerta aos leitores, fazer uma "desindicação", uma indicação de livro para não ser lido.
Trata-se do "livro" (entre aspas porque o objeto não corresponde à significação da palavra) Máquina de pinball, de Clarah Averbuck.

É ruim porque não tem história, não tem enredo, somente uma personagem mal construída que se comporta de maneira tão óbvia quanto dizer que a chuva molha. Além de a linguagem ser extremamente chula, sem cuidado nem trabalho. Parece um vômito de palavras, um desabafo de uma menininha irritada e sem nada de interessante pra fazer, dizer, escrever. Do início ao fim ela enrola, salientando que preenche seu tempo usando e abusando de drogas, transando por transar, ouvindo rock... Enfim, uma menina que pode ser classificada como vazia e supérflua, irritada e tentando manter uma pose de legal e moderninha.

Talvez isso seja o retrato de uma geração perdida em suas comodidades. Clarah é filha de um dos músicos do espetáculo Tangos e tragédias, portanto, tem (ou teve) acesso à cultura e tem (ou teve) dinheiro. Ela própria diz, ao final do livro, que qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Eu tenho pena dela.

Lamentável.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Amanhecer

Por insistência de uma certa pessoa, posto uma semi-resenha sobre o último livro que li: Amanhecer, de Stephenie Meyer.

Sim, é o último livro da série "Crepúsculo", ou como diria uma certa figura, "Crap-úsculo".
Não vou escrever sobre o último livro em si, mas sobre a série como um todo. Em resumo, são quatro livros que viciam adolescentes a partir de 12 anos, até algumas "velhacas" de 23, como eu. Utilizando uma expressão que aprendi recentemente, é uma típica leitura fast-food. Nada clássico ou erudito, é simples e rápido de ler. Li cada um deles em um dia de absoluto ócio, e viciei na série. Que menina romântica e sonhadora não gosta de histórias de amor impossíveis?

Essa é uma típica, da menina humana que se apaixona pelo menino-vampiro-imortal, e vice-versa. A história toda se desenvolve em 4 volumes, e tem um desfecho típico dos romances mais água com açúcar, ao estilo "felizes para sempre". Postei um spoiler da obra porque acredito que muitos (ou todos) aqui não vão perder seu precioso tempo com uma leitura desse tipo, além de mim, que às vezes enjoa de tratados jurídico e quer fugir pra uma leitura mais leve e totalmente descontraída. A título de exemplo e ilustração, é uma obra mais fácil de ser lida do que Harry Potter, por exemplo.

Enfim, se alguém tem uma adolescente na família que não é muito chegada em leitura, sugiro como um bom ponto de partida. Mas com certeza, não é uma obra digna de grandes resenhas.

sábado, 20 de junho de 2009

Ensaio sobre a cegueira

Confesso, sem orgulho, que fiquei um bom tempo com preconceitos quanto ao livro Ensaio sobre a Cegueira do escritor português José Saramago. O fato de ele ter sido laureado com o Nobel de literatura em 1998 me deixou ainda mais temeroso uma vez que iria encontrar certamente um estilo culto e de difícil compreensão.

Vencido o preconceito e a inércia inicial comecei a leitura do livro. De cara me vi em uma leitura frenética e claustrofóbica que diferente de minha última leitura me manteve atento e curioso a cada página. Devo dizer que o estilo único de Saramago com parágrafos quilométricos e sem separação clara entre diálogo e texto confundem a leitura. Mas a partir do segundo ou terceiro capítulo já estava acostumado e isto me deixava ainda mais envolvido com a história fazendo do estilo particular do autor um algo a mais a narrativa.

Além do estilo ainda tínhamos a barreira da linguagem “Barreira da linguagem?“ dirão alguns. Pois sim, barreira da linguagem. Saramago é, como já disse, um "tuga" e por isto usa as expressões, maneirismos e figuras típicos de sua gente. Uma vez que o livro não foi "traduzido" estes maneirismos vieram a rodo e muitas vezes me tiravam da concentração e por conseqüência acabavam por me tirar da história. Não por não entender o sentido de uma frase mas mais por não lembrar o significado de expressões que o Brasil caíram em desuso. Chávena foi um exemplo disto, lembrava de já ter lido, lembrava que era um utensílio do café, mas não lembrava com clareza QUAL utensílio era. Supus corretamente que era a xícara, porém não sem dar umas risadas pela palavra e por isto quebrar o momento tenso em que foi empregado.

Dito isto, vamos a história. Tal qual Kafka a história não se detém explicando minúcias. Um homem simplesmente fica cego dentro de seu carro. Sem mais nem menos. Assim como não se dão explicações não se dão nomes. As pessoas, incluindo os protagonistas da história, são sempre referenciadas por uma característica única ao momento que primeiro apareceram na história. O interessante é que tal é o ritmo da história que o leitor (eu no caso) só se dá conta disto muito adiante na história. Tocando em pontos bem doloridos de nossa sociedade o autor vai mostrando no decorrer das páginas diversas facetas humanas que, ao menos para mim, me deixaram muito desconfortável sobre tudo.

Realmente um livro que vale a pena ser lido e que abre portas para outras leituras do autor. Se o filme do Meireles conseguiu captar os dilemas do livro deve ser realmente um filme estupendo. A pergunta que ficou comigo ao final do livro e que eu deixo a vocês. “O que é a cegueira. Um estado de espírito ou de corpo?”

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Niketche

Paulina Chiziane, autora de Niketche uma história de poligamia, primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, far-se-á presente na 13ª Jornada Nacional de Literatura.
Li o livro, excelente.
Rami conta como passou de uma simples mulher submissa a seu marido poligâmico a uma mulher forte, poderosa, orgulhosa de sua condição. Ela relata o processo de assumir sua femilidade e o que nisso há de inerente numa sociedade hipócrita. Por isso uma história universal, mesmo que limitada ao espaço moçambicano e a um tempo recente.
O livro tem denúncias sociais, tem lirismo, tem humor. O texto tem bastante fluidez.
Como legado, o romance traz à tona reflexões sobre comportamento. O quanto do que fazemos faz parte da nossa natureza? O quanto nossa cultura, nossas convenções sociais tolhem nossos comportamentos, ou nos forçam a fazer coisas que não desejamos, que ferem a nós mesmos ou a outras pessoas? Quão necessária e recompensante é a vingança? Quão necessária é a humilhação, para que renasçamos das cinzas e nos transformemos como seres humanos? Quanto de influência há em nós de nossas raízes familiares e culturais? Quão difícil é livramo-nos disso?
Essas seriam algumas perguntas às quais eu responderia se isto fosse um ensaio. Entretanto, é um post de um blog. Portanto, paro por aqui.

domingo, 31 de maio de 2009

Onde andará Dulce Veiga

O romance que acabei de ler, de Caio Fernando Abreu.

Um homem de meia idade acaba de conseguir um emprego num jornal. Um homem em crise existencial, desiludido, desanimado, deprimido.
Num estalo ele se pergunta "Onde andará Dulce Veiga?", cantora que prometia ser a maioral, mas sumiu, simplesmente sumiu.
Coisas várias acontecem, o homem ganha a incumbência de encontrar Dulce Veiga. E assim decorre a história, numa busca de desencontros e descobertas.
Encontrar Dulce Veiga é a missão do protagonista. Encontrar a si próprio é consequência. Um sumiço, uma vida indefinida, jornalista e cantora têm algo em comum.
Ao leitor, pistas de onde está a cantora, pistas de quem é o homem.
Exemplos: o narrador diz que Dulce Veiga cantava como se pedisse perdão por ter sentimentos e desejar. Do homem, lembra do relacionamento que teve com Pedro, que também sumiu.
Onde andará Dulce Veiga é um livro epifânico.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Marley e eu

Esse é um livro que só quem já teve um irmão cachorro poderia apreciar devidamente... Ou quem admire verdadeiramente a simplicidade, a fidelidade e a amizade destes animais. É basicamente sobre isso que o livro fala. 

Eu sei, tenho andado por leituras meio cliché, mas tendo um animalzinho destes em casa, e sabendo da grande aceitação da obra, não poderia ter deixado de ler. Apesar de achar a escrita do autor muito sem estilo, a história conquista, não só por descrever a vida de um cão, mas como sua rotina se adaptou à da família que o adotou, e na intensidade dos sentimentos que todos dividiam, ele inclusive.

O final me emocionou muito. Me fez lembrar da minha cachorrinha, da qual sinto tanta saudade, todos os dias. O livro em si traz algumas lições que considerei valiosas... É uma leitura fácil e rápida, que compensa mais pela história contada do que pela escrita propriamente dita. Recomendo, mas novamente, não como um grande clássico.

O Clube de Leitura de Jane Austen

Um grupo de pessoas reúne-se com um propósito: ler determinados livros da escritora inglesa Jane Austen. Semelhança com nosso blog?

A diferença é que liam os livros em apenas um mês, moravam na mesma cidade e comentavam os livros pessoalmente.

Ao ver o filme, percebi o quanto ensinamos e aprendemos compartilhando ideias obtidas com livros. E também o quanto os laços se estreitam com as pessoas do grupo.

Fico feliz de fazer parte de um projeto tão simples na execução e tão grandioso no ideal. Imaginem que o clube de leitura quase vira uma terapia de grupo, com apoio e compreensão dos outros membros, e muitas ideias obtidas através dos livros.

Uma ótima sugestão de vídeo.

P.S.: estou lembrada que filmes só podem constar quando forem adaptações literárias, este fala sobre: "Mansfield Park", "Emma", "A Abadia de Northanger", "Orgulho e Preconceito", "Razão e Sensibilidade" e "Persuasão", todos de Jane Austen.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sua resposta vale um bilhão

Para quem não sabe, este é o livro que deu origem ao mais recente oscarizado, "Quem quer ser um milionário". Ainda não assisti o filme, pois tenho o costume de, sempre que posso, ler a obra original antes da adaptação cinematográfica. Não me decepcionei com o livro, espero que o filme faça jus à obra.

Trata-se da história de um garçom que é sorteado para participar de um programa de perguntas e respostas, ganha o prêmio máximo mesmo tendo pouco ou nenhum estudo. O livro conta os diversos acontecimentos de sua vida que levaram ao conhecimento sobre todas as perguntas feitas no game televisivo. Emocionante, realista, mostra uma visão da Índia muito diferente daquela mostrada em novelas das 8, e creio eu, a mais próxima da realidade. Algumas passagens seriam dispensáveis no contexto do livro, mas vale a pena cada página lida. O final surpreende pela mudança no tom da narrativa... E isso é um atrativo a mais para a história.

Assim como Clarissa, li todo o livro durante o trajeto para o serviço, e fez valer a pena aqueles 25 minutos que normalmente seriam ociosos. Talvez não sirve para virar um clássico, mas com certeza vale o título de best seller.

domingo, 3 de maio de 2009

Ascensao e Queda do Terceiro Reich

Titulo Auto-Explicativo, historia por demais conhecida, então comento o trabalho do autor.

Magnífico trabalho, livro escrito no final da década de 50, quando o autor caira em desgraça perseguido pelo Macarthismo nos Estados Unidos, fez com que ele voltasse a Alemanha, onde trabalhara nos anos entre guerra e nos anos iniciais da segunda guerra, o autor mergulhou nos recém liberados documentos sobre o terceiro reich e seus membros, bem como em todos os milhares de documentos apresentados no tribunal de Nuremberg por ocasião do julgamento dos lideres alemães.

Apenas como observação de como é difícil escrever um livro histórico ainda durante o rescaldo é interessante constatar como alguns lideres nazistas ludibriaram a todos ao final da guerra, um exemplo se constata quase no final do livro, onde o autor narra(baseado nos documentos e testemunhos) como teria sido a morte de Martin Bormann, o que alguns anos depois acabou se provando um embuste, pois na metade da década de 60 o pseudo-defunto foi preso na Bolívia, alias uma triste constatação de como nosso continente foi transformado em esconderijo de facínoras, Bormann, preso na Bolívia, Mengele morrendo afogado em Bertioga.

Um Medico Irlandes do Interior

Livro absolutamente delicioso, cada pagina um sorriso, a cada capitulo uma gargalhada, conta a historia do medico recém-formado Barry Laverty que arruma uma vaga de auxiliar de um experiente medico de um vilarejo do interior da Irlanda, um medico no mínimo exótico, o primeiro contato dos 2 médicos se da quando Barry chega ao vilarejo e encontra o Dr. O´Reilly
segurando um paciente pelo fundilho das calças e atirando o mesmo no jardim em frente a clinica.
Após o susto inicial aos poucos Barry vai se afeiçoando ao velho medico, que depois descobre foi companheiro de seu pai em um navio da Segunda Guerra, e vai também aprendendo que na medicina, como em qualquer profissão, o dia a dia é muito diferente daquele que se aprende nos bancos das universidades.

Gostei muito do livro, vários personagens interessantes, um painel de tudo de bom e ruim que a humanidade tem, tudo concentrado em um pequeno vilarejo do interior, recomendo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Clarissa

Roubando as palavras do seu Amaro, a Clarissa é música, é poesia. A menina interiorana e bobinha que se delicia com o mundo, brilha por ganhar a autorização de usar sapatos de salto-alto e sofre por ver que as pessoas não são puras como ela. Pureza e simplicidade é a essência da personagem e o encanto da leitura.

Ler Clarissa trouxe a minha mente memórias de quando era menina-moça! Descontando as diferenças de cultura dos anos 30 e dos anos 90, senti-me a própria Clarissa. A tentativa de entender o mundo, que parece às vezes divertido, outras amável, também rude e principalmente encantador.

Assim como ela sonhava em poder ir ao cinema, passei meses sonhando poder ir a uma festa. Vibrei quando ganhei autorização da minha mãe para pintar os cabelos de vermelho (sim, eu já usei cabelo vermelho e unhas pretas). Passava as tardes sentada nas escadas do pátio da escola que eu estudava, jogando conversa fora e percebendo as pessoas ao meu redor. Tinha a mãe do Francisquinho, que sempre chegava a tardinha para buscá-lo e gritava: Francisquiiiinhooo! Todos os dias.

A cada pensamento de Clarissa, eu viajava junto. Ela se perdia no seu pensamento e eu no meu...

Minha vida era uma rotina gostosa. Ia pra escola, pro inglês, passeava com amigas na rua, voltava pra casa antes das 17:30 para cuidar do meu irmão mais novo até minha mãe voltar do trabalho, assistia seriados e desenhos animados, alimentava um amor platônico, que fazia meu coração saltar pela boca só de ganhar um oi ao encontrar por acaso o moço na rua. Quantos suspiros. Quantos escritos sobre o assunto (eu tinha um diário)... Quantas histórias longas e animadas contadas em 30 segundos, deixando o ouvinte adulto zonzo com a rapidez e a quantidade detalhes...

Infelizmente, minha vida, como a de Clarissa, não era somente alegrias. Chorei muitas vezes por desilusão com a humanidade. Lembro-me de uma vez que encontrei na rua por um acaso o amor platônico de uma colega. Eu morava numa cidade de 60 mil habitantes, acasos eram comuns. Comentei com ela. Dias depois todas as meninas do grupo não queriam falar comigo, porque alguém inventou que eu estava dando em cima do amor dela. É, nem que eu quisesse, era tão inocente na época que não saberia nem como fazer. E eu chorei, por dias e mais dias. Como as pessoas são más. E num súbito, fiquei feliz de novo.

Deleitei-me sobre as páginas da narrativa comparando a personagem comigo mesma. Tão diferente e tão igual a mim.

Por fim, acabo de ser interrompida enquanto escrevia essas palavras, com uma bela surpresa. Toca o interfone, atendo, é o moço pelo qual hoje meu coração salta pela boca. Passou na minha casa antes de ir à aula para trazer meu presente de páscoa. Estou como a Clarissa ao ver o lindo peixinho dourado. É exatamente o ovo que eu mais namorei no supermercado... Semelhanças? Talvez meras coincidências!

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Clarissa que eu li

Inaugurando minha participação no blog, peço desculpas pela demora na postagem! Esta que vos escreve estava na luta para organizar a vida, o que felizmente aos poucos está ocorrendo...

Então, falando sobre o livro do trimestre... Lendo os comentários dos outros leitores, agradeço às diferenças de gostos e opiniões, pois do contrário, conviver com as pessoas não teria a menor graça. Mas me desculpem Cassiano e Ricardo, eu li Clarissa pela primeira vez quando tinha 14 anos, estava na oitava série, e foi uma das obras que me fez adquirir o vício da leitura e a paixão pela obra de Erico Verissimo. A quem, aliás, considero como o meu autor favorito. Obviamente, e talvez especialmente por isso, gostei do livro também porque me identifiquei com a personagem principal, pois tinha uma idade parecida. Contudo, já tinha muito mais conhecimento dos fatos da vida, do que a Clarissa, o que me fez dar muitas risadas em vários trechos do livro, percebendo como antigamente, na década de 30, algumas meninas-moças eram tão mais puras de pensamento do que as de hoje. Li novamente o livro hoje, quase dez anos depois da primeira vez, com uma expectativa diferente, e confesso que me surpreendi ao terminar de lê-lo com uma concepção inteiramente nova sobre a história contada.

Ao meu ver, não se trata de um livro que conte fatos objetivos, nem mesmo uma biografia de Clarissa. De fato, a rotina dela se resumia a ir à escola, alimentar as galinhas, estudar e ir à Igreja. Mas a magia do livro, ao meu ver, estava na percepção de mundo que tem a personagem ao realizar todas essas atividades. É uma obra romântica, sem dúvida. Não tem nenhum romance no sentido literal da palavra, mas Clarissa tem uma visão peculiar, infantil e romântica, do mundo ao seu redor. Isso, em minha opinião, faz com que a obra seja um refresco num mundo onde as pessoas são tomadas de malícia e a rotina exaustiva faça com que não seja possível reparar nos detalhes das coisas e das pessoas ao nosso redor. Digo isso por experiência própria, pois nessa segunda vez, li o livro no trem a caminho do trabalho, e nesses períodos aproveitava pra reparar mais nas coisas e pessoas ao meu redor. Foi uma experiência interessante, e ajudou a incluir mais leveza no meu cotidiano. Confesso que vários pensamentos bobinhos que Clarissa tem, eu mesma ainda hoje alimento.

De fato, trata-se da obra de um Erico iniciante e com muitas histórias mais interessantes pra contar. Recomendo para aqueles que desejem ler sem pressa e sem expectativas, pois a riqueza da obra é justamente a simplicidade da personalidade da personagem, em contrapartida com a grandeza de detalhes que ela invoca do seu mundo particular, com novas descobertas a cada dia. Um mundo que, na minha opinião, vale a pena conhecer. Nem que seja para se perceber como, nos dias atuais, se dá pouca atenção para a poesia das pequenas coisas.

Clarissa

Terminei.

Confesso que não foi uma experiência agradável ler este livro, o livro tem começo porque tem uma pagina inicial, e tem fim porque o escritor resolveu terminar o livro, poderia ter continuado por mais 20 paginas, terminado 20 antes, não teria feito nenhuma diferença.

É a descrição de uma vida sem graça, comprovando que biografias(reais ou fictícias) só devem ser realizadas sobre grandes vultos.

Por ultimo digo que a cada dia mais me convenço que para se incentivar a leitura no Brasil não se deve mandar os alunos lerem o livro x do escritor y, deveria ser pedido aos alunos que lessem um livro, qualquer um, que seja do Erico Veríssimo, que seja da Agatha Christie, pois concordando com o Cassiano se mandarem uma criança ler este livro como o primeiro perderemos um leitor.

sábado, 4 de abril de 2009

A Batalha Pela Espanha

Este Livro trata da Guerra Civil Espanhola(1936-1939) que é considerada a II Guerra Mundial por procuração, envolveu os Republicanos, apoiados pela União Soviética, e os Nacionalista, apoiados por Alemanha e Itália.
Desta carnificina fratricida de um povo saíram obras que se inscreveram na historia das artes, cito aqui 2 que lembro sem pesquisa, o livro que depois gerou um filme, Por Quem os Sinos Dobram de Ernest Hermingway e o quadro Gernica de Pablo Picasso.
Na verdade os perdedores são fáceis de serem encontrados, o povo espanhol, os vencedores são muitos, a União Soviética que ficou com todo o ouro do tesouro espanhol em troca do fornecimento de armas e consultoria a republica e a Alemanha Nazista que através da legião Condor treinou suas táticas e armas para a vindoura segunda guerra mundial.
Na Espanha tivemos um curioso caso de alguém que se tornou ditador e perto da morte preparou a transição para a redemocratização, Francisco Franco após derrubar os comunistas do Poder em 1939, que por sua vez haviam derrubado o governo e destituído o Rei Alfonso XIII em 1936, comandou a Espanha com mão de ferro ate sua morte em 1975, quando por indicação do próprio Generalíssimo foi entronado o neto de Alfonso XIII, Juan Carlos II, que conseguiu apaziguar todas as correntes e tem sido a pedra sobre a qual se reergueu a Espanha nestes últimos 34 anos de democracia, Juan Carlos que dentre muitos feitos fez a pergunta mais inteligente do século XXI, ao interpelar Hugo Chavez, Por que No Se Cala?
O autor comete um pequeno pecado num livro histórico, por vezes se deixar levar pela simpatia a um dos lados, no caso especifico o da Republica, mas nada que comprometa muito.

Para finalizar volto ao quadro Guernica que gerou uma conversa muito interessante entre Picasso e um comandante Nazista, ao ver o quadro o oficial perguntou se fora Picasso quem fizera aquela coisa horrível, a resposta de Picasso foi sensacional:

-Eu não, quem fez isto foram vocês, eu só pintei o quadro.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Queridinha do Papai

Ao contrario do que faz parecer o titulo esta é uma aventura.
Parece que de tanto que advogado apanha em piada eles resolveram todos escrever aventuras onde advogados são os heróis, este livro é escrito por uma ex-advogada que eu ainda não conhecia.
Aqui temos a historia da advogada Natalie(Nat) Greco, uma especialista em historia do direito que da simpósios sem grande publico na faculdade onde é professora, ela aceita um convite de um colega professor, Angus Holt, para participar de um projeto de direito voluntario em um presídio de, teoricamente, baixa periculosidade, entretanto na primeira ida ao presídio ocorre uma rebelião, Angus é agredido por um detento e Nat sai em busca de auxilio, e acaba tentando ajudar um guarda que esta mortalmente ferido, e que deixa com ela um recado para a esposa , recado este que gerara uma confusão no andamento da aventura e uma reclamação no final deste post, mas voltando, após isto ha uma tentativa de assassinar Nat e Angus em uma estrada, uma acusação contra ela, uma fuga e o indefectível final espetacular protagonizado pela nossa heroína. 
Não tenho dado sorte neste volume de Seleções de Livros, esta tudo invertido, gostei do água com açúcar que abriu o livro, e esta é a segunda aventura do volume e o segundo que achei fraco.

Agora vamos à reclamação, que se destina a Sra. Claudia Costa Guimarães, a tradutora do livro, podia ter sido menos preguiçosa e procurado fazer a tradução do equivoco ter mais sentido em português, vamos a ele:

Nat entende que o guarda deu o recado –Diga que esta embaixo do Taco, após baterem cabeça o livro todo descobre que o recado seria –Diga que esta embaixo do Quatro, na tradução assim feita Nat ficou parecendo a velha surda da praça da alegria porque confundir taco com quatro é meio brabo, em inglês fica mais parecido Under the floor por Under the Four...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Miniconto

Já que faz tempo que ninguém posta nada, posto um miniconto

Criação

No sétimo dia, Deus descansou.
Quando acordou, já era tarde.

Tatiana Blum

segunda-feira, 16 de março de 2009

A Clarissa do tio Erico

Buenas. Antes de explanar a minha opinião acredito que devo contextualizar o leitor dos fatos.

Como dito aqui o autor Erico Veríssimo foi, provavelmente, o autor do primeiro livro que comprei em minha vida e, portanto,  um ídolo na minha infância. Estranhamente nunca havia lido nada mais dele durante todo este tempo e confesso, sem muito orgulho, que normalmente os escritores conterrâneos não são os meus prediletos.

Dito isto, vamos aos fatos.

O livro é chato!

Não apenas chato, ele é maçante! Ele me torturou durante todas as cento e sessenta páginas com uma história enfadonha de uma criança interiorana que passa seus dias dando comida a galinhas, olhando uma criança doente no quintal vizinho e correndo (na maioria das vezes sozinha) pelas árvores do pátio da pensão em que mora.

Durante a leitura tive ganas de lançar o livro à parede por várias vezes pela expectativa criada de que algo fosse acontecer!

  • Clarissa ia à escola.
  • Clarissa voltava da escola.
  • Clarissa ia jantar.
  • Clarissa tomava café da manhã. (volte ao primeiro item)

Porém Clarissa não tinha vontade própria. Perdoem-me os amantes da arte de Erico, não vi alma na pobre garota! Não vi alma nos outros moradores da tal pensão que na maior parte das vezes me lembravam personagens dos meus próprios contos (que nunca serão publicados) todos eles possuidores da profundidade de um pires de uma xícara de café.

Realmente, se os professores resolverem obrigar a leitura deste livro em questão teremos mais um grupo de alunos que provavelmente nunca mais irá ler um livro na vida!

Fica, entretanto, um aspecto positivo. O mesmo autor de Clarissa nos brindou alguns anos depois com “O Tempo e o Vento” e “Olhai os Lírios do Campo”. O que me deixou muito curioso para fazer a leitura destas obras afinal, um livro tão enfadonho e depois sucessos de crítica deste tamanho só podem indicar um amadurecimento muito grande!

sábado, 14 de março de 2009

Clarissa - Erico Verissimo

Serei eu o inaugurador oficial dos posts sobre Clarissa? Que honra...

Vamos lá: indiquei a leitura de Clarissa pensando em alguns apontamentos feitos por demais integrantes do grupo, tais como um livro mais antigo para fazer um contraponto com a atualidade. Clarissa é uma personagem ótima para isso. Logo no início o narrador da história já revela quem é ela: uma menina que está prestes a fazer 14 anos de idade, inocente e sonhadora. Isso se prova quando o fluxo de consciência da protagonista se faz presente na narrativa.

Já havia lido Clarissa não sei há quantos anos, por isso achei que o momento que vivemos daria um bom contraponto com a obra. E ainda nem sabia da notícia da menina de 9 anos que engravidou de gêmeos após ser estuprada pelo padrasto, do médico que realizou um aborto e depois foi excomungado. Espraguejei a “Santa” Igreja Católica até não poder mais. Entretanto, um amigo me disse “Isso é bom, faz as pessoas sentirem mais ódio da Igreja e se afastarem cada vez mais”. Tive que concordar. Abaixo a alienação religiosa. Mas isso é assunto pra outro post...

O interessante é que Clarissa, menina interiorana, bobinha até, vai estudar em Porto Alegre, a capital, e morar com sua tia numa pensão, onde há várias pessoas, várias culturas, várias diferenças convivendo diariamente, dividindo um mesmo espaço. Isso maravilha Clarissa, que viaja em seus pensamentos, talvez até se perca um pouco, mas ao se perder se encontra novamente, já em outro lugar, o que significa mudança, evolução. Clarissa tenta entender o mundo que a cerca, um mundo estranho, às vezes cruel, como para o vizinho Tinoco, às vezes delicado, como o presente de seu Amaro. Clarissa tenta entender as pessoas a sua volta, que estão sempre reclamando, sempre lutando, algumas meio tristes, outras brigando, outras misteriosas. Clarissa tenta entender a si própria, as mudanças no seu corpo e mente e aquela sua vontade de viver, de conhecer lugares diferentes, de sentir emoções diferentes, e de ser admirada pelos rapazes e arrumar um namorado. Aqui saliento novamente, ele faz 14 anos no decorrer da narrativa. Aliás, o presente que sua mãe lhe dá é a autorização para usar sapatos de salto. Alguma semelhança com a atualidade?

A mim mesmo perguntei e agora pergunto a vós, leitores, ainda existem pessoas inocentes como Clarissa? A história se passa no início do século XX, é verdade, quase 100 atrás, os tempos são outros, as necessidades são outras, incluindo a de ser precoce para atingir maior sucesso. Será isso positivo? Não fará falta a inocência, a descoberta de um mundo diferente no mesmo mundo em que sempre vivemos, o deslumbramento?

Pensei e pensei e lembrei que já fui inocente, infantil, bobo, e todas essas etapas da minha vida foram importantes. Se um dia tiver filh@s (uso arroba para não determinar gênero) espero que passem por todas essas fazes também, pois acredito que fazem falta, sim. Hoje perdi muito da inocência, eu acho, mas tento sempre manter o deslumbramento de que Jostein Gaarder diz serem feitas as crianças e os filósofos. Um pouco pretensioso, reconheço. Mas a vida não tem graça sem poesia, pelo menos não a minha...
Lembrei também de uma colega que tive no Ensino Médio. Uma menina linda e gostosa (os conceitos são diferentes, dependendo de quem fala, principalmente). Se ela quisesse, poderia ser femme fatale. Mas ela era tão inocente, tão pura em sua forma de conduzir a vida!

Finalizando o post (leitores, lei até o fim, por favor), Clarissa é um livro ótimo para repensarmos o deslumbramento com a vida. Não há grande metafísica, isso ficaria para o Erico Verissimo mais maduro, visto que Clarissa foi sua segunda publicação e primeiro romance. E a história de Clarissa segue, característica do autor de dar continuidade às vidas de suas personagens, no livro Música ao longe. Se quiserdes, podeis ler também Caminhos cruzados e Um lugar ao sol, nessa ordem mesmo. E a história ainda segue, mas confesso que só li até aí...

Boa leitura a tod@s!

sábado, 7 de março de 2009

A paixão segundo G.H.

É esse o título do livro que acabei de ler. O livro mais difícil, denso e perigoso que já li. É um livro sem volta, depois que você leu, a vida não é mais a mesma. Caio Fernando Abreu escreveu, no conto Eles, que está no livro O ovo apunhalado, que ver é irreversível. Clarice Lispector, a autora do livro do título, faz com que vejamos.
A história é de uma simplicidade imbecil, até mesmo: uma mulher, G.H., entra no quarto que pertencera a sua empregada para arrumá-lo. Mas a empregada o mantinha arrumado, entretanto, não como ela gostaria. Ela se sente desolcada em sua própria casa. E vê uma barata, e sente medo. Então faz as mais profundas e simples divagações filosóficas sobre ser e existir. O que acontece com ela e a barata eu não conto, só lendo para saber.
Clarice é uma deusa, uma feiticeira, pois suas palavras enfeitiçam. Ela constroi, depois desconstroi e destroi para novamente construir e destruir e reconstruir e desconstruir. Ela acaba com o que há dentro de nós. E depois preenche. Ela escreve com as mais simples palavras, as coisas mais banais, mas vai fundo nas agonias de ser e existir. Podemos sentir a dor dela ao ler, a imensidão de sua compreensão de mundo e de pessoas, de almas, de ser, de existir, de transcender.
Confesso que tive medo.
Ler Clarice é uma experiência singular e imprescindível. Ler A paixão segundo G.H. é sofrer todas as dores da humanidade e crescer imensamente. É uma experiência de paixão.Pra terminar este breve comentário louco, quero transcrever um pedaço do conto do Caio já referido:"
-Deixa que a loucura escorra em tuas
veias. E quando te ferirem, deixa que
o sangue jorre enlouquecendo também
os que te feriram."
Clarice o fez. Eu a feri. Ela me enlouqueceu.

terça-feira, 3 de março de 2009

A Baia do Trovao

A primeira novidade deste post aos nobres leitores é que este será sem spoiller, peço desculpas por eventualmente ter estragado o prazer de alguém com os posts anteriores.

O livro conta a historia de um ex-xerife da região de Minessota, Cork O’Connor, dono de um restaurante a beira de um lago e investigador particular nas horas vagas, que recebe um pedido de seu velhíssimo amigo índio Henry Meloux, que ele vá procurar o seu filho, um filho nascido a mais de 70 anos e no qual o índio nunca pôs os olhos, apenas sabendo de sua existência através de visões, a única pista que o índio da ao investigador é o nome da mãe, calha do provável filho ser um multi milionário Canadense, após fazer uma visita ao canadense Cork da por encerrada a investigação, porem logo a seguir tentam matar Meloux.

Auxiliado pelo amigo e também ex-Xerife Wally Schanno e uma Policia Montada Canadense também aposentada investigam a fundo ate descobrirem toda a verdade por trás da trama.

Não é um mau livro, mas também não me empolgou, a historia avança sem grandes solavancos, mas falta um algo mais, o livro cumpre a obrigação de entreter mas não empolga.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Casamento

Se no post anterior eu falei de um livro policial aqui temos um livro daqueles que pingam açúcar, o autor é da turma da Nora Roberts, este é o típico livro que não leria normalmente, mas como assinante da Seleção de Livros das Seleções do Readers Digest acabo lendo, uma vez que utilizo à citada serie como um test drive de escritores.

O narrador da historia em retrospectiva é um sujeito que se viu encrencado ao esquecer-se do aniversario de 29 anos de casados, ai ele vê o quanto negligenciou a esposa a favor do trabalho e decide se redimir no aniversario de 30 anos.
Ele começa a enviar cartas a parentes e conhecidos reunindo artigos que no final se fica sabendo são fotos e objetos que se ligam a historia de Wilson(o narrador) e Jane(sua Esposa), quando faltam cerca de 2 semanas para o aniversario a filha mais nova do casal chega comunicando que ira se casar e que decidiu que será na data do aniversario de casamento dos pais, então começa um frenesi de Jane para os preparativos onde Wilson sempre milagrosamente consegue que tudo e todos estejam disponíveis para a data.

Este foi o segundo livro do autor que li e me diverti muito com as peripécias e as duvidas de Wilson, gostei bastante, contra todos os prognósticos de um leitor ávido por historias policiais.

Post-Mortem

Só depois de ler 3 livros de Patricia Cornwell(Lavoura de Corpos, Contagio Criminoso e A Ultima Delegacia) descobri que os livros deveriam ser lidos em seqüência, então agora fui ao principio da obra dela.
Neste primeiro livro da serie que conta as aventuras da Legista Chefe do Estado de Maryland, Kay Scarpetta, já aparecem os todos os elementos que fazem o sucesso da serie, a sobrinha hacker Lucy, aqui ainda uma criança, mas já mostrando a genialidade lidando com computadores, o Policial Durão Pete Marino e o especialista em perfis do FBI Benton Wesley.
É seguramente o mais fraco dos livros dela que li ate agora, a historia tem 2 vertentes, a caça a um assassino serial e a acusação contra Kay de que ela estaria vazando informações sobre os assassinatos para a imprensa, as 2 vertentes se encontram quando a quarta vitima do assassino acaba sendo a Irma da repórter que tem recebido as informações.


Um livro nota 6, mais pela admiração que tenho pela escritora que pelo valor em si da historia

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Proposta

Quem me conhece sabe que sou o tipo de pessoa que gosta de ler. Leio de tudo, desde bula de remédio até livro de cálculo avançado (este último sem muito afinco devo admitir).

Acontece que nos últimos tempos eu percebi que tenho tido um comportamento padrão, diria até uma preguiça em sair do lugar comum nas minhas leituras. Leio sempre ficção, manuais técnicos e gibis e só. Aí que um dia, durante uma janta dos "pé grande" (sim, no singular mesmo) veio a idéia:

E se nos obrigássemos a ler um livro diferente e postássemos opiniões sobre eles em um lugar comum?

O debate foi rápido e em pouco tempo tínhamos a idéia que hoje começou a caminhar, a confraria da leitura. Um grupo de amigos que iria ler livros decididos em consenso e iria publicar resenhas (ou como Diogo nos sugeriu, ensaios) sobre os livros lidos (ok, eu ainda tenho que descobrir a diferença entre ambos).

Nosso primeiro livro é “Clarissa” do grande mestre Erico Veríssimo. Devo confessar que os trabalhos “adultos” do Érico estariam em baixa na minha lista de “por ler”. Não me entendam mal, eu respeito o seu trabalho e tenho até vergonha de confessar que nunca li nada “sério” da obra dele mas posso dizer, aí com um certo orgulho que foi Érico que me colocou no caminho que hoje estou. Quando estava na pré escola (ou seria primeira série, não lembro) houve um evento na minha escola em que diversos livros do Érico foram vendidos para os alunos, lembro-me que comprei o livro As Aventuras do Avião Vermelho. Li este livro tantas vezes que havia até um ritual para isto, me sentava entre os sofás, colocava as almofadas como encosto e viajava por todos os cantos do planeta (e fora dele) com o Fernando e seu aviãozinho vermelho.

Quando, esta tarde, eu percebi que o autor do meu primeiro livro era o mesmo autor da obra selecionada para começar a confraria devo dizer que fiquei animado em começar a lê-lo. Se alguém queria um sinal de que começamos bem, aí está ele. Municionado com estes pensamentos, me despeço. Tenho um livro para ler!